Instituto São Fernando

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10.09.2009.Educação

Turmas de Apoio: um novo conceito para a política educacional do município de Vassouras

Teve início em setembro o projeto Turmas de Apoio, que conta com o suporte do Instituto São Fernando e do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (CEDAC).

Milou Sequerra, Coordenadora Regional de Língua Portuguesa do CEDAC, explica que os grupos de apoio são espaços de aprendizagem voltados para os alunos que ainda não se alfabetizaram, apesar de já estarem em séries mais adiantadas do Ensino Fundamental (a partir do segundo ano). O projeto ocorre paralelamente ao trabalho da classe regular. Além das aulas tradicionais que frequenta em sua classe, o aluno desses grupos tem aulas específicas, fora do horário de aula (em alguns casos), no qual se trabalha sua dificuldade específica. “A inovação do projeto reside no fato de o mesmo ser uma ação constante no município, enquanto o projeto Correção de Fluxo é uma iniciativa temporária, enquanto houver grandes distorções idade-série”, ressalta Deborah Levinson, Diretora Executiva do Instituto São Fernando. O seu objetivo é estancar a quantidade de alunos repetentes que depois precisam ser readequados no projeto Correção de Fluxo.

Participam deste projeto alunos do primeiro segmento do ensino fundamental das redes municipal e estadual. Esses alunos estão nas séries em que já se pressupõe maior autonomia para ler e escrever (a partir do segundo ano) e que ainda não conseguem fazê-lo, por não dominarem o princípio alfabético. As aulas ocorrem duas vezes por semana, têm a duração de duas horas e são ministradas por uma professora especialmente designada para essa função. As professoras dos grupos de apoio contam com espaço de formação específico para instrumentalizá-las para esse trabalho.

Denise Calixto Mandaro, Gerente de Ensino da Coordenadoria Centro Sul II, argumenta que, mesmo sabendo que de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases esta responsabilidade seria da rede municipal, quando se é educador tudo o que se quer, é que os alunos tanto no âmbito municipal quanto estadual possam ter as mesmas chances de aprendizagem. “Se temos condições de fazermos parcerias, devemos fazê-las sem demora”, defende Denise. A professora Rute Pereira de Oliveira destaca o caráter humanista do projeto: “É muito bom ver os alunos caminharem, atuar no processo antes de esperar o mau resultado. Antes os professores só reclamavam, agora têm uma ação que atua na causa do problema, intervindo antes de chegar ao fim do ano para reprovar o aluno.”

Segundo Denise Brandão da Silva, Coordenadora da Secretaria de Educação do município de Vassouras, os alunos estão gostando das Turmas de Apoio; há inclusive alunos não contemplados que também querem ir para o Grupo de Apoio, pois ali vislumbram possibilidade de progresso, diferente da sala de aula tradicional. “Havia alunos de 5.º ano (antiga 4.ª série) que não sabiam ler. Viravam ótimos copistas. Há o caso de um aluno que agora está se destacando no Grupo de Apoio, e por isso não quer mais sair do grupo, é um momento onde ele tem sucesso”, relata Denise. Jussara Pereira da Costa, Diretora da Escola Municipal Prefeito Pedro Ivo da Costa, exemplifica o sucesso do projeto com o caso de um aluno que foi indicado para uma Turma de Apoio, por não saber ler na sala de aula tradicional. Entretanto, o aluno já sabia ler, só não conseguia ler no ambiente tradicional. Devido a uma nova forma de conduzir o processo, e por estar em um grupo menor, ele conseguiu superar sua dificuldade.

Dentre os resultados que advirão do projeto, espera-se que os alunos tenham condições de superar suas dificuldades, que possam dominar as etapas necessárias para que se tornem capazes de reconhecer as palavras até o final do ano letivo, através da leitura e da escrita. Já aqueles que estão em distorção idade-série, poderão continuar, no próximo ano, no projeto Correção de Fluxo. Mais que isso, Denise Calixto defende que esses alunos sairão do marasmo escolar, da falta de perspectiva, e descobrirão como é gostoso aprender, como é interessante ler o mundo também usando as palavras escritas, colocando letras nos seus pensamentos. “Pois, como disse Paulo Freire, começamos a ler o mundo antes de lermos as palavras; no entanto, quando conhecemos e dominamos a palavra escrita, quanto mais conhecimentos passamos a adquirir”, cita Denise.

Para o futuro, a proposta é que o projeto seja incorporado em caráter permanente em todas as escolas, e que ao mesmo tempo sejam criadas novas formas de educar, para que se possa obter o sucesso garantido dos alunos no decorrer do tempo. Milou Sequerra afirma que, em 2010, além dos grupos de apoio de alfabetização, também está planejada a implantação de Correção de Fluxo, para responder ao grande número de alunos da rede que se encontram defasados por terem idade superior à faixa etária da série que cursam.

Segundo a Secretária Municipal de Educação Vania Cristina Baptista, o projeto é muito auspicioso, porém existe ainda um grande gargalo, que é a falta de professores para compor mais grupos, o que pode comprometer a sua eficácia. “Já estamos em andamento, o prefeito já está analisando o impacto das contratações junto às Secretarias de Administração e Fazenda”, adianta Vania.


12.08.2009.Educação

Correção de Fluxo: uma nova proposta de política educacional para o município de Vassouras

Foi iniciado em fevereiro de 2009 o planejamento do projeto Correção de Fluxo, uma parceria da Secretaria Municipal de Educação do município de Vassouras, o Instituto São Fernando e o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC). O objetivo do projeto é diminuir o alto índice de alunos em defasagem idade-série, buscando diminuir os índices de repetência e evasão escolar.

Este projeto é um esforço importante e necessário para complementar a Política Educacional dos projetos de Formação Continuada de educadores e Turmas de Apoio, uma vez que, tendo preparado os professores e corrigido as distorções emergenciais de alfabetização, é necessário restabelecer a série de acordo com as idades dos alunos. Com estes três projetos será possível estancar os maus índices de educação do município de Vassouras no longo prazo. Segundo a educadora Elaine Ana Ferreira, muitos conteúdos da escola formal precisam ser substituídos para que o projeto Correção de Fluxo se consolide, uma vez que receberá alunos com idade mais avançada.

Este debate vem sendo promovido desde o início do ano. Em 30 de março foi realizada a primeira visita do CENPEC ao município, a fim de discutir o projeto Correção de Fluxo com o Prefeito, a Secretaria Municipal de Educação (SME), a Câmara de Vereadores e Coordenadoria Estadual de Educação (CEE). O ISF teve papel fundamental na mobilização deste encontro. Em 24 de junho houve uma segunda visita com representantes da SME e CEE, a fim de discutir em detalhes a metodologia do trabalho. Finalmente, nos dias 10 e 11 de setembro, a professora Vanda Noventa, do CENPEC, realizou reunião com gestores do município e equipes pedagógicas envolvidas.

Acompanhe em nosso site a evolução do projeto Correção de Fluxo.


24.06.2009.Educação

Palestra mobiliza educadores do município de Vassouras para a importância da avaliação contínua na promoção dos alunos

Palestra mobiliza educadores do município de Vassouras

Palestra do professor Luis Carlos de Menezes

O Instituto São Fernando vem empreendendo diversas ações com o objetivo de melhorar os indicadores de Educação do município de Vassouras. Além dos projetos de Formação Continuada, Turmas de Apoio e Correção de Fluxo, estão sendo realizadas palestras com o objetivo de mobilizar os professores sobre importantes questões relacionadas à melhoria da Educação.

No dia 24 de junho de 2009, o Instituto promoveu na Universidade Severino Sombra uma palestra com o professor Luis Carlos de Menezes, especialista em Educação do Instituto de Física da USP e articulista da revista Nova Escola. Dentre os temas discutidos foram abordados a atuação e importância dos professores no ensino e a importância da avaliação para promoção dos alunos. Participaram do evento educadores das redes municipal e estadual de Vassouras, dentre os quais professores, orientadores, diretores, equipe técnica da Secretária Municipal e da Coordenadoria Estadual.

O objetivo da palestra foi sensibilizar o público presente através dos dados de reprovação e defasagem idade-série dos alunos em Vassouras, que revelam o estado atual da aprendizagem dos alunos. Roberta Panico, Coordenadora do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), relata que ainda existe nas redes uma cultura da reprovação, ou seja, a ideia de que escola boa e professor bom são aqueles que reprovam alunos e transferem a culpa do fracasso para os alunos e familiares. Jussara Pereira de Almeida, Diretora da Escola Municipal Prefeito Pedro Ivo da Costa, destacou na palestra a reflexão sobre a importância do projeto político-pedagógico: “A palestra nos fez questionar que escola somos e que escola queremos ser. Quando o aluno não aprende, a culpa não é do aluno ou do professor, é de todo o sistema”, destaca Jussara.

A reação dos participantes foi bastante positiva. Para a Secretária de Educação do município de Vassouras, Vânia Cristina Baptista, o ponto principal foi o formato do evento, uma conversa franca e aberta do palestrante com os professores, onde puderam trocar experiências. Denise Brandão da Silva, coordenadora da Secretaria de Educação, destacou como lição aprendida a importância da avaliação do aluno como um processo, e não meramente como uma nota ao final do período de ensino. Para tal, o professor deve atuar com conhecimento e acompanhamento do processo de aprendizagem, daí a importância do registro do desempenho do aluno durante as aulas, acompanhado de intervenções quando necessário. A professora Rute de Oliveira ressalta que não existe uma solução mágica. “Cabe ao professor, no dia a dia, dentro de sala com os alunos, criar soluções e compartilhar os aprendizados com os outros professores”, defende Rute.

Denise também destacou a importância de mudança de crença nos próprios professores, no sentido de incluir todos os alunos, evitando discriminações na forma de ensiná-los e avaliá-los. Célia Regina Sant’Anna, também coordenadora da Secretaria de Educação, relata a boa receptividade dos professores pela palestra, vindo ao encontro do trabalho realizado na Formação Continuada. Para a educadora Elaine Ana Ferreira, a palestra do professor Menezes enfatiza a responsabilidade dos professores com a aprendizagem das crianças, considerando seus diferentes perfis. É claro que existe o papel da família, mas a escola precisa compreender que precisa se preocupar em efetivar esta parceria e não culpabilizá-la.

O Instituto São Fernando tem consciência de que a palestra é apenas uma das estratégias, sendo necessárias outras ações, como a formação continuada de todos os professores, orientadores e diretores do município para a melhoria da aprendizagem dos alunos. As perspectivas esperadas são que os educadores se mobilizem e façam a diferença para reverter a situação vigente, se responsabilizando pela aprendizagem dos alunos e a melhoria dos indicadores da rede de ensino em Vassouras. A intenção do ISF é promover outras possibilidades de discussão entre os educadores de Vassouras e outros pensadores da Educação, e para o segundo semestre de 2009 já estão programadas mais duas palestras.