A fim de promover a agricultura ecológica e atrair produtores de tomate nos municípios de Vassouras e Paty do Alferes, o Instituto São Fernando (ISF) encaminhou técnicos para conhecer os produtores tradicionais e entender sua forma de produção. Desta forma, foi identificada a visão destes produtores e seu grau de interesse de migrar para a produção orgânica.
A primeira visita, em 09.07 foi realizada ao Mercado Estadual de Paty do Alferes, na qual participaram o coordenador de Agroecologia do ISF, Idelberto Miranda, o Gerente da Fazenda São Fernando, Marcos Nogueira, e os estagiários Max e Calvin, participantes do projeto Talents 2009. O objetivo da visita foi conhecer como funciona a comercialização da produção de tomates na região, verificando desde a chegada das mercadorias até a forma como eram comercializadas. Tiveram também a oportunidade de conhecer a relação dos produtores com um fornecedor de insumos e as lavouras da região de Vassouras, de pequenos a grandes produtores, para que tivessem uma noção das relações entre a produção e a comercialização.
A segunda visita, em 18.08, buscou investigar a possibilidade de substituir as práticas convencionais nos diversos elos da cadeia de produção do tomate, migrando para a agricultura orgânica. Os técnicos do Instituto puderam ouvir dos produtores as causas do não abandono do cultivo tradicional, e o grau de interesse de participarem de uma fazenda incubadora, onde pudessem aprender as técnicas agroecológicas. A visita mostrou que para ser feita alguma ação junto aos produtores será necessária a mobilização dos produtores em seus distritos, para que haja maior envolvimento e participação da comunidade.
Nas duas visitas a campo quem acompanhou o grupo foi o Sr. Jorge Barreto, vereador do município de Vassouras, produtor de tomate e liderança local. Segundo Jorge, todos os produtores visitados têm uma grande queixa: as dificuldades de mercado. “A dificuldade não é produzir, mas sim comercializar”, afirma Jorge. Outro ponto percebido é que, pelo fato de a região ter um plantio de tomate há muitos anos, o índice de pragas e doenças é elevado. Desta forma, o produtor não acredita que possa cultivar tomate orgânico sem agrotóxicos e fertilizantes químicos, o que dificulta a adesão do produtor tradicional à produção orgânica.
Dentre as perspectivas da visita para o futuro dos produtores de tomate, Jorge acredita que o futuro dos produtores está na produção orgânica, pois nas condições atuais não estão conseguindo ter um ganho justo. “Hoje as pessoas estão procurando oportunidades de emprego na cidade, buscando mais segurança. Para reter o homem do campo é necessário um empenho integrado de instâncias federal, estadual e municipal, de forma a manter o agricultor no campo, evitando custos posteriores na cidade”, argumenta Jorge.
Todas as visitas serviram de base para coleta de informações que direcionarão o trabalho de mobilização dos tomateiros pelo ISF, a ser elaborado em parceria com a consultoria Agrosuisse. O coordenador Idelberto Miranda relata que as visitas foram fundamentais para evidenciar a abertura por parte dos produtores para a produção orgânica, cabendo para tal uma proposta consistente de melhora na qualidade e rentabilidade da produção, comercialização e, consequentemente, da qualidade de vida dos impactados. Espera-se com isso manter o homem do campo em condições dignas, com a autoestima elevada e autonomia para desenvolver suas ações.